
Empresas afirmam que não conseguirão pagar salários. Sindicato dos rodoviários alega que trabalhadores não receberam vale-refeição, e temem perder emprego 47461z
ALEXANDRE PELEGI
O transporte coletivo de Campinas e região está à beira de um colapso.
De um lado, as empresas de ônibus da cidade paulista afirmam que poderão parar por causa da pandemia de Covid-19 no dia 7 de abril. A alegação é que não terão receita para pagar os salários dos funcionários diante da queda do número de ageiros transportados.
Segundo os empresários, a quarentena provocou uma queda de 70% nas receitas.
Já os rodoviários, por meio de suas entidades sindicais, se preocupam com os empregos da categoria na região de Campinas. Em uma circular, assinada pela Federação dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários do estado de São Paulo (FTTRESP), do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários de Campinas e região (STTRACR) e do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários de Americana e região, as entidades reivindicam a garantia de emprego, e alertam que sem isso poderão parar o transporte na região. “Somos nós que abrimos e fechamos as portas das cidades e exigimos mais respeito por parte dos patrões”, diz um trecho da nota.
Na mesma nota, os rodoviários afirmam já ter tido “o primeiro caso de descumprimento por parte dos patrões”, referindo-se ao não pagamento do vale refeição.
Como mostrou o Diário do Transporte, o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), preside a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), e manifestou sua preocupação com os impactos da crise no transporte em todo o País. Em um ofício encaminhado ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) pela FNP, com data de 27 de março, e entregue em mãos do ministro da economia Paulo Guedes, os prefeitos apoiam a proposta de criação do programa Transporte Social, assinado pela NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), ANTP (associação Nacional de Transportes Públicos) e Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Públicos de Mobilidade Urbana.
O programa, em síntese, propõe que o Governo Federal destine R$2,5 bilhões por mês para aquisição de créditos eletrônicos de agens, enquanto perdurar a crise do COVID-19. Esse valor é necessário para equilibrar custos e receitas no setor e para manter em funcionamento mínimo do transporte público por ônibus. Segundo a proposta, cada crédito eletrônico de agem corresponde a uma tarifa pública vigente no sistema de transporte coletivo por ônibus de cada localidade. O Governo Federal usaria os créditos do programa “Transporte Social” como um estoque a ser empregado durante e após a crise do COVID-19. Relembre: NTU, Fórum de Secretários e ANTP propõem ao Governo Federal compra imediata de es de ônibus na ordem de R$ 2,5 bilhões/mês
De seu lado, as empresas de ônibus que atuam na cidade enviaram ofício ao prefeito de Campinas solicitando aumento do subsídio enquanto durar o isolamento social.
O diretor de Comunicação do Sindicato das Empresas de Transporte de ageiros da Região Metropolitana de Campinas (SetCamp), Paulo Barddal, informou que nesta quinta-feira, 02 de abril, a frota que entrou em operação na cidade representa 40% dos 831 ônibus que circulam nos dias úteis anteriores ao isolamento social. Os dados foram coletados Sistema de Bilhetagem Eletrônica da Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Campinas (Transurc).
Jeremias Nunes dos Santos, secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários de Campinas e Região, disse ao Diário do Transporte que aguarda a resposta das autoridades constituídas. O sindicato entrou em contato com a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), vinculada à Secretaria de Transportes Metropolitanos do estado, e que gerencia o transporte na região, e ao governador João Doria. “Depende da resposta deles, vamos tomar nossas medidas. Vamos fazer protesto e chamar a atenção do poder público, pois todos temos que dar as mãos para não deixar o trabalhador largado e abandonado“, afirmou.
Tomando por base apenas as empresas de Campinas, são 2,5 mil motoristas, afirma Paulo Barddal. “As compras foram reduzidas drasticamente, por causa do isolamento social”, afirmou o diretor